Trecho: Guerra dos Tronos
Bran
não tentou segui-los. Seu pônei não era capaz de acompanhá-los.
Vira os olhos do homem esfarrapado, e estava agora pensando neles. Após algum
tempo, o som das gargalhadas de Robb atenuou-se e os bosques ficaram
silenciosos novamente.
Estava tão embrenhado nos seus pensamentos que não ouviu o resto
do grupo, até que seu pai pôs o cavalo a par com sua montaria.
– Está bem, Bran? – perguntou, não sem simpatia.
– Sim, pai – disse Bran. Olhou para cima. Envolto em peles e couros, montado no
grande cavalo de guerra, o senhor seu pai pairava acima de si como um gigante.
– Robb diz que o homem morreu bravamente, mas Jon disse que ele tinha medo.
– E o que pensa você? – perguntou-lhe o pai.
Bran refletiu sobre o assunto.
– Pode um homem continuar a ser valente se tiver medo?
– Esta é a única maneira de um homem ser valente – seu pai
respondeu. – Compreende por que o fiz?
– Ele
era um selvagem – disse Bran. – Eles roubam mulheres e vendem-nas aos Outros.
Seu pai sorriu.
– A Velha Ama tem andado outra vez a lhe contar histórias. Na verdade, o homem
era um insurreto, um desertor da Patrulha da Noite. Ninguém pode ser mais
perigoso. O desertor sabe que sua vida está perdida se for capturado, e por
isso não vacilará perante nenhum crime, por mais vil que seja. Mas você não me
compreendeu bem. A pergunta não era sobre o motivo por que o homem tinha de
morrer, mas sim por que eu tive de fazê-lo.
Bran não tinha resposta para aquilo.
– O rei Robert tem um carrasco – respondeu, em tom incerto.
– Tem – admitiu o pai. – E os reis Targaryen também tiveram antes dele. Mas o
nosso costume é o mais antigo. O sangue dos Primeiros Homens ainda corre nas
veias dos Stark, e mantemos a crença de que o homem que dita a sentença deve
manejar a espada. Se tirar a vida de um homem, deve olhá-lo nos olhos e ouvir
suas últimas palavras. E se não conseguir suportar fazê-lo, então talvez o
homem não mereça morrer. Um dia, Bran, será vassalo de Robb, mantendo um domínio
seu para o seu irmão e o seu rei, e a justiça caberá a você. Quando esse dia
chegar, não deve ter nenhum prazer na tarefa, mas tampouco deverá desviar os
olhos. Um governante que se esconde atrás de executores pagos depressa se
esquece do que é a morte.
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